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quarta-feira, 21 de abril de 2010

O ego-distônico.

Embora seja um conceito muito (mal) utilizado pelo senso comum e objeto de divergências entre as ciências, me inclino a definir personalidade como um conjunto de caracterísiticas comportamentais, públicos e privados, rígidas e decorrentes do processo biopsicossocial de aprendizado. Os transtornos tem essas características catalogadas no manuais médicos.

Somos educados pelos pais, vamos à escola, igreja e festinhas com os amigos. Fazemos faculdade, pós, mestrado, etc. Começamos a trabalhar e evoluímos profissionalmente. Conhecemos pessoas interessantes e admiráveis. Lemos livros. Vemos filmes. E aí começamos a descobrir que podemos fazer diferente, e até fazer diferença. Ser relevante.

Então seu ego grita, te chamando de volta a ser quem você "é", a distância ficou um pouco grande. Sua personalidade está lá, pesada como uma bola de ferro acorrentada aos pés. É perturbador - minha personalidade aponta para fazer de uma forma, mas tenho feito como se fosse outra persona. E como eu tenho feito tem me trazido benefícios, tenho tido ótimas respostas do ambiente. Pronto, sou um indivíduo ego-distônico. Meus comportamentos e ideias diferem do que eu sou,diferente do modo como aprendi a funcionar.

É um desconforto que vale a pena. Me arrisco a dizer que quem não sofreu com esse desconforto ficou destinado a uma, no mínimo, vida enfadonha. Para fazer diferença nossa mente deve ser renovada e nesse processo, o ego reage. O abismo não é tão grande. Transpô-lo não leva tanto tempo se comparado ao benefício que certamente virá. Acredite! Quase como a certeza matemática, o produto desse processo de renovação e ressignificação de personalidade é previsível: ser relevante.


sábado, 17 de abril de 2010

Os formatos.

Somo indivíduos formatados. Nossa sociedade evoluiu de forma que, para funcionarmos eficientemente, nossas ações e reações precisam estar definidas.

Nossas empresas são assim. As igrejas são assim. Instituições são todas assim. Eu sou assim.

E no meu cotidiano? Em que isso implica? Implica que vivemos sob uma exigência ansiogência, de estarmos enquadrados nas ações e reações pré-definidas culturalmente.

Historicamente associamos liberdade a grandes movimentos revolucionários, e são muitos os exemplos: saída do povo de Israel do Egito; Revolução Francesa; Lei Áurea; Diretas Já e etc. As grandes revoluções - individuais, sociais, econômicas, ideológicas... - não são libertadoras por si só, o conceito de liberdade é uma falsa impressão humana e as revoluções são grandes movimentos em que adaptamos grandes novas regras que achamos que nos levarão à um funcionamento melhor, comigo mesmo ou com a sociedade.

Liberdade é a capacidade que temos, primeiro de identificar e depois de nos formatar eticamente e nos impormos perante um mundo perverso e desigual.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A realidade.

Percepção e interpretação são complementares em um processo que considero a chave da existência humana. Percepção fala sobre o input de toda informação que existe. Interpretação é o caminho entre os receptores sensoriais e o processo de dar significado àquilo que foi percebido.

Como postulou Aaron Beck: "A realidade não existe, o que existe é a percepção da realidade".

Essa frase é gigantesca. Não sei se ele foi o primeiro a falar algo nesse sentido, mas foi por ele que tomei conhecimento de uma nova forma de viver e de me realcionar, de me comportar.

TODO e QUALQUER pensamento, emoção, comportamento depende da realidade que seus receptores sensoriais captam, e de como ocorre a interpretação desses estímulos.

"O ser humano é capacitado para perceber todos os estímulos do ambiente?", me perguntou o Profº J. Landeira em uma aula.

Logo respondi que "sim". Pensei, "o ser humano é perfeito, é uma maquinaria altamente complexa: receptores, transmissores, neurônios, cérebro...". Mas não, somos quase cegos se considerarmos a quantidade de estímulos que não somos capazes de captar.

Só conseguimos escutar numa faixa estreita de frequência; a visão é tão restrita à distância e à luminosidade; somos pessimamente evoluídos no olfato e no paladar; apenas nosso tato, ou somestesia, é que ainda é considerado eficiente. Mas é só isso...

Essa conversa "fisiológica" me obriga a ser, no mínimo, cuidadoso. Todo e qualquer evento de minha vida precisa de um investimento na percepção e, principalmente, na minha interpretação. O mundo que existe é o mundo que eu consigo perceber.

Da mesma forma que nossos sentidos são limitados, nossa capacidade de dar significado aos eventos são determinados por crenças e esquemas que orientam nossa interpretação.

E é aqui que encontramos a saída para a limitação humana. Se não conseguimos obter ganhos significativos em nosso aparelho biológico, em contrapartida, nossa mente é renovável. Ela pode ser alterada através de ressignificação e flexibilização, temos a capacidade de adquirir novas crenças e esquemas de funcionamento que nos levam à saúde.

Existe um caminho de reconstrução. Podemos olhar para o passado com um novo filtro, e experimentar novas sensações decorrentes desse ato, isso é cura. Posso olhar para mim e descobrir que o que foi dito e planejado por outros, na verdade ficou lá atrás e hoje eu posso ir mais longe, testar e experimentar afetos, emoções e resultados diferentes.

Renovar minha mente e construir minha realidade.