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quarta-feira, 7 de julho de 2010

As distorções cognitivas.

"Realidade não existe, o que existe é aquilo que percebemos da realidade". Essa é a maneira mais simples de explicar a importância que esse tema tem.

A percepção e a interpretação são a conexão do interno com o externo, e desenvolvemos padrões que automatizam esses processos. Imagine quantas coisas já escaparam dos seus olhos. Pense em quantos mal entendidos já nos metemos (ou nos meteram). Lembre de todas as vezes que, passado um tempo de reflexão, você se pega com essa sentença na cabeça: "Ah....era isso....entendi errado...então eu não precisava ter reagido/pensado/sentido desse jeito....".

As distorções são a cristalização de Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs) no que se refere à percepção e interpretação do "Eu, o Mundo e o Futuro".

É um exercício legal. Leia a lista abaixo e identifique aquilo que você "sempre faz".

  • Inferência arbitráriaÉ a tendência a chegar a uma conclusão (ou regra) na ausência de provas suficientes, ou por meio de um raciocínio lógico falho. Ex.: “não sou atraente para as mulheres” (depois de algumas tentativas de corte infrutíferas).
  • Abstração seletiva – Focalizar apenas um detalhe retirado de um contexto, ignorando nisto aspectos também importantes, e conceber a totalidade da experiência com base no fragmento. Ex.: “sou impotente” (após uma falha erétil)
  • Hipergeneralização – É a tendência a ver um evento negativo único como parte de um padrão interminável de perigos ou sofrimentos. Ex.: “se eu senti medo aqui, vou sentir sempre de novo”; ou “tudo sempre dá errado para mim” (depois de bater com o carro).
  • Desqualificação do positivo – Insistir que as experiências positivas não contam, assim, os sucessos não são contabilizados nas interpretações. Ex.: “Eu fiz bem aquele projeto, mas isso não significa que eu seja competente; eu apenas tive sorte.”
  • Personalização – Relacionar eventos externos a si quando não existe base óbvia para isso. É a tendência a se ver como causador de fatos ruins, sem o ser, de fato. Ex.: “se algo acontecer ao meu casamento, a culpa é só minha”.
  • Catastrofização – Esperar a pior conseqüência possível de uma situação e superestimar a probabilidade de que isso ocorra. Tudo dá muito errado. Ex.: “Eu apliquei o dinheiro na plantação, mas vai haver seca e pragas de gafanhotos, e eu vou ficar pobre”.
  • Leitura mental – assumir que as pessoas estão reagindo negativamente a você quando não há evidências para isso. é a tendência a antecipar negativamente, sem provas, o que as pessoas vão pensar sobre você. Ex.: “Ele está pensando que eu não sei nada sobre esse projeto.”
  • Pensamento dicotômico - Avaliar situações em cate­gorias extremas, polarizadas (preto/branco, tudo/nada, sempre/nunca, perfeição/fracasso, segurança/perigo total). Ex.: “Se eu não for um sucesso total, eu sou um fracasso.”
  • Exagero - Uma circunstância tem sua importância aumentada ou diminuída. Geralmente, os negativos são maximizados e os positivos minimizados. Ex.: “Eu cheguei na última fase do processo seletivo da multinacional e não fui selecionado, sou um fracasso”.
  • Raciocínio emocional - Tirar conclusões sobre a reali­dade, a partir de suas emoções. Desta forma, sentir-se desesperado é prova de que não há solução. É a tendência a tomar as próprias emoções como provas de uma “verdade”. Ex.: “Se sinto pânico é porque essa situação é muito perigosa”.
  • Erro oracular - É a tendência a antecipar que “as coisas vão dar errado” de qualquer maneira, sem base para essa afirmação. Ex.: “Eu sei que vou ser rejeitada”.
  • Tirania dos “deveria” - Dirigir a própria vida em termos de “deverias” e “não deverias”, por avaliações de “certo” ou “errado”, em vez de dirigi-la por seus desejos. Ex.: “Eu deveria estudar mais” em vez de “eu quero (ou não quero) estudar mais”.

Como mudar? Podemos começar alterando hábitos e, mais do que isso, treinar parar, respirar, e tentar olhar de outra forma. É a maneira mais imediata que eu vejo para fazer um controle sobre isso. Depois, parta das distorções que você identificou que tem como padrão para chegar nas crenças e nos seus EIDs. Descasque a cebola. Alterar crenças e esquemas? Chegaremos lá...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ser sugestionável.

Percebo um grande conflito em um assunto em que não existe nem certo e nem errado. É um passeio entre ser coerente e consistente, e ser flexível e aberto ao aprendizado.

Existe um lugar de meio-termo, sempre há. Como também existem os dois lugares extremos, sempre há também. E vou falar do extremo do ser flexível, o ser "sugestionável".

Um indivíduo sugestionável indica um comportamento passivo, e se esconde atrás de belos discursos: "eu abro mão por você" ou "faço isso por ser cristão". Quando se tem esses discursos, é sempre difícil questioná-los, a não ser quando se confronta os resultados desses comportamentos. O resultado é nao encontrar constantes, a não ser a constante de "abrir mão".

A flexibilidade é um requisito para a saúde. Saber relevar, saber ouvir, saber calar, aprender em todos os momentos. Já a sugestionabilidade é um indício de vazio, de falta de personalidade construída.

Poderia levantar algumas possibilidades, mas a mais forte, me parece a de homens e mulheres com personalidades de menino. Meninos são sugestionáveis, e o porque disso é claro: não houve tempo suficiente para experimentar e colher os resultados a ponto de ter uma linha de conduta bem construída, estão testando o que chega a eles por qualquer lado.

Constância é importante, sonhos que permanecem, atitudes que definem quem você é. Contradição e volatilidade não são boas estruturas para se construir coisas grandes.

Lembro do musiquinha "não, não construa sua casa na areia...".

E o sugestionável tem isso, a areia sob os pés.

Sempre gosto de chegar numa proposta de solução, e pra esse assunto é se expor aos resultados de permanecer naquilo que uma vez você disse, pensou, fez. Em pouco tempo, vão saber quem você é, o que você pode dar e, principalmente, o que você pode receber.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O ego-distônico.

Embora seja um conceito muito (mal) utilizado pelo senso comum e objeto de divergências entre as ciências, me inclino a definir personalidade como um conjunto de caracterísiticas comportamentais, públicos e privados, rígidas e decorrentes do processo biopsicossocial de aprendizado. Os transtornos tem essas características catalogadas no manuais médicos.

Somos educados pelos pais, vamos à escola, igreja e festinhas com os amigos. Fazemos faculdade, pós, mestrado, etc. Começamos a trabalhar e evoluímos profissionalmente. Conhecemos pessoas interessantes e admiráveis. Lemos livros. Vemos filmes. E aí começamos a descobrir que podemos fazer diferente, e até fazer diferença. Ser relevante.

Então seu ego grita, te chamando de volta a ser quem você "é", a distância ficou um pouco grande. Sua personalidade está lá, pesada como uma bola de ferro acorrentada aos pés. É perturbador - minha personalidade aponta para fazer de uma forma, mas tenho feito como se fosse outra persona. E como eu tenho feito tem me trazido benefícios, tenho tido ótimas respostas do ambiente. Pronto, sou um indivíduo ego-distônico. Meus comportamentos e ideias diferem do que eu sou,diferente do modo como aprendi a funcionar.

É um desconforto que vale a pena. Me arrisco a dizer que quem não sofreu com esse desconforto ficou destinado a uma, no mínimo, vida enfadonha. Para fazer diferença nossa mente deve ser renovada e nesse processo, o ego reage. O abismo não é tão grande. Transpô-lo não leva tanto tempo se comparado ao benefício que certamente virá. Acredite! Quase como a certeza matemática, o produto desse processo de renovação e ressignificação de personalidade é previsível: ser relevante.


sábado, 17 de abril de 2010

Os formatos.

Somo indivíduos formatados. Nossa sociedade evoluiu de forma que, para funcionarmos eficientemente, nossas ações e reações precisam estar definidas.

Nossas empresas são assim. As igrejas são assim. Instituições são todas assim. Eu sou assim.

E no meu cotidiano? Em que isso implica? Implica que vivemos sob uma exigência ansiogência, de estarmos enquadrados nas ações e reações pré-definidas culturalmente.

Historicamente associamos liberdade a grandes movimentos revolucionários, e são muitos os exemplos: saída do povo de Israel do Egito; Revolução Francesa; Lei Áurea; Diretas Já e etc. As grandes revoluções - individuais, sociais, econômicas, ideológicas... - não são libertadoras por si só, o conceito de liberdade é uma falsa impressão humana e as revoluções são grandes movimentos em que adaptamos grandes novas regras que achamos que nos levarão à um funcionamento melhor, comigo mesmo ou com a sociedade.

Liberdade é a capacidade que temos, primeiro de identificar e depois de nos formatar eticamente e nos impormos perante um mundo perverso e desigual.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A realidade.

Percepção e interpretação são complementares em um processo que considero a chave da existência humana. Percepção fala sobre o input de toda informação que existe. Interpretação é o caminho entre os receptores sensoriais e o processo de dar significado àquilo que foi percebido.

Como postulou Aaron Beck: "A realidade não existe, o que existe é a percepção da realidade".

Essa frase é gigantesca. Não sei se ele foi o primeiro a falar algo nesse sentido, mas foi por ele que tomei conhecimento de uma nova forma de viver e de me realcionar, de me comportar.

TODO e QUALQUER pensamento, emoção, comportamento depende da realidade que seus receptores sensoriais captam, e de como ocorre a interpretação desses estímulos.

"O ser humano é capacitado para perceber todos os estímulos do ambiente?", me perguntou o Profº J. Landeira em uma aula.

Logo respondi que "sim". Pensei, "o ser humano é perfeito, é uma maquinaria altamente complexa: receptores, transmissores, neurônios, cérebro...". Mas não, somos quase cegos se considerarmos a quantidade de estímulos que não somos capazes de captar.

Só conseguimos escutar numa faixa estreita de frequência; a visão é tão restrita à distância e à luminosidade; somos pessimamente evoluídos no olfato e no paladar; apenas nosso tato, ou somestesia, é que ainda é considerado eficiente. Mas é só isso...

Essa conversa "fisiológica" me obriga a ser, no mínimo, cuidadoso. Todo e qualquer evento de minha vida precisa de um investimento na percepção e, principalmente, na minha interpretação. O mundo que existe é o mundo que eu consigo perceber.

Da mesma forma que nossos sentidos são limitados, nossa capacidade de dar significado aos eventos são determinados por crenças e esquemas que orientam nossa interpretação.

E é aqui que encontramos a saída para a limitação humana. Se não conseguimos obter ganhos significativos em nosso aparelho biológico, em contrapartida, nossa mente é renovável. Ela pode ser alterada através de ressignificação e flexibilização, temos a capacidade de adquirir novas crenças e esquemas de funcionamento que nos levam à saúde.

Existe um caminho de reconstrução. Podemos olhar para o passado com um novo filtro, e experimentar novas sensações decorrentes desse ato, isso é cura. Posso olhar para mim e descobrir que o que foi dito e planejado por outros, na verdade ficou lá atrás e hoje eu posso ir mais longe, testar e experimentar afetos, emoções e resultados diferentes.

Renovar minha mente e construir minha realidade.






quarta-feira, 31 de março de 2010

O poder.

"Assim como o homem imagina em sua alma, assim ele é."
Prov. 23:7a


“As crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro, determinam o modo como nos sentimos: o que e como as pessoas pensam afeta profundamente o seu bem-estar emocional"
(Beck e Kuyken, 2003)

sexta-feira, 26 de março de 2010

O título.

Sendo sincero, nunca me preocupei (pelo menos como deveria) com os inícios. Concordo que são uma ótima chance, quando o controle é só seu, de fazer dar certo. Qdo envolve mtas variáveis...bom, aí é outra história.

Mas já me disseram (ou escreveram) que analisando o início vc consegue fazer uma projeção de onde "aquilo vai dar". É claro q onde exatamente vai dar volta no assunto "variáveis", mas de qualquer maneira é a questão de se ter um bom alicerce para o edifício ser levantado.

Tentando começar isso aqui por um bom começo, e planejando um edifício, vou escrever sobre o título desse blog: "Eu, o Mundo e o Futuro".

Eu, Mundo e Futuro é inspirado no que Aaron Beck, idealizador da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), define como "Tríade cognitiva". Como a TCC é decorrente do estudo de Beck sobre depressão, foi atribuída a essas três esferas de percepção a origem desse transtorno. Eu acabo estendendo a importância dessas percepções para além da doença:

Eu - costumo chamar, desde a minha monografia, de "Eu sou" (explico melhor depois). É um termo que remete à história de Jesus e do cumprimento do maior propósito que já existiu em um ser humano. Em nós, é a possibilidade de investir esforços para que talentos, aptidões e habilidades sejam potencializados, que somadas a novas ferramentas aprendidas e tb desenvolvidas nos aproximam daquilo "para o qual fomos criados". Esse é um esforço pesado: todos temos aprendizados e crenças que nos afastam do autoconhecimento que precisam ser ressignificados. Mas é essencial...

Mundo - é o ambiente. Tem uma participação mto relevante na construção de crenças e comportamentos do indivíduo. Em conjunto com a genética, é a relação com o outro e as respostas do mundo aos comportamentos emitidos por mim desde e principalmente do núcleo familiar (estrutura biopsicossocial), que constroem e condicionam nossas crenças, interpretações, escolhas e comportamentos. O desajuste é instaurado quando, em vez de propiciar experiências gratificantes, o ambiente gera contínuo desconforto. Claro q existem momentos estressantes e ansiogênicos, onde devemos experienciar as emoções "ruins"...faz parte da saúde apresentarmos emoções coerentes com as situações.

Futuro - como o esperamos é um bom indicador de como temos a percepção de si mesmo e do mundo. A visão de um futuro ameaçador e hostil traz ansiedade e pode indicar que existem crenças disfuncionais em operação. Demandando esforços, o caminho levará à realização de seus projetos e sonhos. Esse é o peso que o futuro deve ter.